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Como a China abastece a economia de guerra da Rússia

Frank Hoffmann
17 de maio de 2024

O Presidente russo, Vladimir Putin, visita Pequim pela segunda vez em seis meses. A China tornou-se recentemente no fornecedor mais importante de Moscovo de compomentes microeletrónicos e maquinaria para a defesa russa.

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Vladimir Putin recebido em Pequim por Xi Jinping
Vladimir Putin recebido em Pequim por Xi JinpingFoto: Sergei Bobylov/AFP/Getty Images

O Presidente russo, Vladimir Putin, iniciou esta quinta-feira (16.05) uma visita de dois a Pequim, onde foi recebido com honras militares pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping.

De acordo com um novo estudo dos EUA, desde o ano passado a China tem sido o fornecedor mais importante de componentes microeletrónicos e maquinaria para a defesa russa. E Putin demonstra que deseja continuar a tornar a indústria russa numa economia de guerra. Mas como poderá a China abastecer a economia de guerra russa?

No final de 2023, o Conselho Alemão de Relações Exteriores (DGAP) calculou que, na pior das hipóteses, a NATO teria apenas cinco anos para manter o seu potencial de dissuasão contra um possível ataque russo a um país membro da organização.

O autor do estudo, Christian Mölling, chefe do referido instituto de pesquisa alemão, atualizou a sua análise tendo em conta o armamento da Rússia na guerra contra a Ucrânia.

"Putin só está vivo por causa dessa guerra. Ele precisa da guerra porque convocou muitos fantasmas [do passado] que podem não ser capazes de aceitar a paz", argumenta.

Para assinalar o 66.º aniversário de Xi Jinping, Vladimir Putin ofereceu ao Presidente chinês uma caixa de gelados russos numa reunião no Tajiquistão, em 2019
Para assinalar o 66.º aniversário de Xi Jinping, Vladimir Putin ofereceu ao Presidente chinês uma caixa de gelados russos numa reunião no Tajiquistão, em 2019Foto: Reuters/Sputnik/A. Druzhinin/Kremlin

Fornecimento de componentes eletrónicos

Agora, pela segunda vez desde o início da invasão russa à Ucrânia em 2022, o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington, que, de acordo com a imprensa dos EUA, é próximo à indústria de armas norte-americana, investigou o fornecimento de produtos para a indústria de armas russa e a evasão às sanções ocidentais.

Um dos resultados: a Rússia importa componentes eletrónicos contornando as sanções ocidentais.

Segundo o relatório, a China cresceu e tornou-se o fornecedor mais importante da Rússia desde a primavera de 2023. "Quase todos os principais exportadores de microeletrónica estão sediados na China e em Hong Kong, com uma empresa sediada na Turquia", diz o documento.

Uma "paz justa" na Ucrânia

Aumento das importações chinesas

As exportações de componentes microeletrónicos da China para a Rússia dispararam em março de 2023, quando o Presidente chinês Xi Jinping visitou Putin em Moscovo.

Em vários gráficos, o instituto mostra que, entre março e julho de 2023, empresas da China e de Hong Kong forneceram componentes eletrónicos à Rússia - entre 200 mil e 300 mil vezes por mês.

Desde o ano passado, também o exército ucraniano identificou principalmente eletrónicos fabricados na China nas armas russas, disse o especialista em sanções Vladislav Vlasiuk, da administração presidencial ucraniana, em entrevista à DW.

Para os principais componentes e eletrónicos de que o Kremlin precisa para a sua máquina de guerra, escreve o CSIS de Washington, mudou de componentes militares de alto desempenho para as chamadas tecnologias que podem ser usadas tanto para fins civis quanto militares. Por outras palavras, bens que até hoje as sanções ocidentais não conseguem afetar.

"Com a Rússia, as sanções funcionam melhor nas áreas relacionadas a tecnologias sofisticadas ou aprimoradas, que incluiriam principalmente microchips, placas de circuito e todas as outras peças que podem ser facilmente substituídas por componentes chineses", afirma Vladisla Vlasiuk.